Instrumentum Laboris

É o nome técnico do documento de base, publicado no dia 19 de junho e que deverá ser discutido na 13ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos no próximo mês de outubro. Elaborado pela Secretaria do Sínodo, o texto traduz as respostas do episcopado e responsáveis eclesiásticos à consulta que lhes foi feita entre março e novembro do ano passado. Constitui uma boa fotografia da comunidade católica universal, o que pensa e como pensa reagir em face dos desafios da secularização e do cumprimento de sua missão evangelizadora.
Vale a pena conferir. [ Baixe o documento do site do Vaticano ]

Instrumentum Laboris corresponde à consulta feita pela Secretaria do Sínodo, num texto denominado tecnicamente os Lineamenta, roteiro de sondagem. As respostas levam a admitir a importância do tema proposto, “a nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
Concordam, também, com seus pressupostos teológicos imediatos: a necessidade de reformular a fé – é a questão da linguagem da fé – levando em conta a experiência humana contemporânea, marcada pelo gosto da liberdade e pela valorização das realidades desse mundo, num clima, porém, de busca de sentido para a vida, que gera, muitas vezes, uma espiritualidade problemática, nem sempre fácil de se harmonizar com a tradição cristã.
Depois de breve introdução, o texto se estende por quatro capítulos e uma conclusão, compreendendo 169 parágrafos com cerca de trinta mil palavras em pouco mais de 70 laudas.
Na introdução o tema da 13ª Assembleia se apresenta em continuidade com o movimento de renovação da Igreja inaugurado pelo Concílio Vaticano II, de cuja abertura se comemora o cinquentenário.
A interpretação do Concílio tal como foi proposta por Bento XVI logo no primeiro ano de seu pontificado nos leva à nova evangelização, tal como é mostrado no primeiro capítulo.
O Concílio foi um fato, que se inscreve na história da salvação como o fato Jesus e o fato Pentecostes. A Igreja continua sempre a mesma, como Jesus, ontem, hoje e sempre. Mas isto não quer dizer que sua expressão histórica não deva mudar. A própria história nos mostra que, como “sacramento da união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” a comunidade cristã ou Igreja, está sempre em contato com as novidades de cada tempo e de cada cultura, não só na sua forma de se relacionar com o mundo, mas em si mesma, dada sua natureza missionária. A Igreja é a expressão da Palavra de Deus dirigida aos homens e mulheres de cada época e de cada cultura. No regime de encarnação, ela será sempre uma comunidade de seu tempo, como Jesus foi um judeu, embora marginal.
Uma das palavras mais frequentes no texto é o termo experiência, que aparece 70 vezes, indicando, de maneira clara, que nos tempos atuais o evangelho precisa ser ouvido e cultivado a partir da experiência da fé, para que possa ser acolhido como fazendo parte da experiência daqueles a que a Palavra é dirigida. A nova evangelização não é uma forma particular de evangelizar, senão um clima de comunicação alimentado pelo testemunho da vida e pela experiência, para que a Palavra de Deus suscite a experiência da fé através da qual ela é transmitida.
Trata-se de uma perspectiva nova em que João Paulo II convidou a entender a ação da Igreja, que tem, porém, repercussões múltiplas e numerosas, na própria ação evangelizadora, de que trata o documento.
Começa então, no primeiro capítulo, falando de Jesus, a Palavra de Deus encarnada, que, vindo a nós como homem, nos convida a tratar com ele como amigos.
A evangelização propriamente dita é objeto do secundo capítulo, pois está fundada no anúncio e na consolidação dessa relação pessoal com Jesus. Relação que denominamos fé, enquanto experiência de confiança recíproca em torno do que, em última análise, dá sentido à vida, o Reino de Deus.
A fé é o objeto do terceiro capítulo. Sendo que o capítulo final reflete sobre as orientações profundas que se podem observar em toda a ação pastoral da Igreja quando se estabelece a nova evangelização sobre essas bases.
Grande número das solicitações dos bispos e responsáveis eclesiásticos incidiam sobre pontos práticos da pastoral, que deverão ser discutidos na assembleia sinodal, à luz dos princípios indicados.
Chamamos atenção para as duas observações conclusivas, definindo com a maior precisão possível o conceito de nova evangelização e sublinhando o clima de alegria pascal em que somos todos convidados a viver para nos tornarmos, antes de tudo pela vida, testemunhas da boa nova de Deus.

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